É com enorme prazer que escrevo esse artigo, pois apresentarei a vocês o artista incrível que admiro muito, que foi Henri de Toulouse-Lautrec.
Toulouse- Lautrec foi um pintor pós- impressionista e litógrafo francês conhecido por ter registrado a vida boêmia de Paris no final do século XIX.
Quando falamos em vida boêmia, logo pensamos no bairro Montmartre não é mesmo?
Pois bem, saibam que foi Toulouse-Lautrec que representou Montmartre do inicio ao fim. Além é claro, dos artistas terem “criado” a Montmartre que conhecemos hoje, Lautrec teve uma participação importantíssima nessa criação.
É por esse motivo que sempre falo dele nos meus roteiros em Montmartre, não tem como falar do famoso bairro parisiense sem falar do artista. Um complementa o outro e você vai logo entender o porque.
Estou muito feliz porque começou ontem, 9 de outubro no Grand Palais, a exposição TOULOUSE-LAUTREC.
Pra você que também o admira, ou pra você que nunca havia ouvido falar dele, depois de ler esse artigo e saber um pouco mais de sua vida, tenho certeza que vai se encantar. Teremos a oportunidade de visitar a exposição até 27 de janeiro de 2020.


BIOGRAFIA
Nascido na nobreza, em 1864 , herdeiro de uma linhagem aristocrática francesa, seu pai era o Conde Alphonse de Toulouse-Lautrec-Monfa, e sua mãe Adéle Tapié de Céleyran.
Naquela época, as famílias nobres queriam manter o sangue puro. Seus pais queriam que o filho seguisse o mesmo caminho nobre de toda a sua família, tanto materna quanto paterna. Seus pais, eram primos de primeiro grau.
Por esse motivo, o artista tinha alguns problemas genéticos, um deles é que ele nasceu desprovido de beleza, mas sobretudo, nasceu com uma doença genética rara, a Pycnodysostosis que ficou conhecida mais tarde como “Doença de Toulouse-Lautrec”.
É uma doença caracterizada por ossos frágeis e baixa estatura. Toulouse-Lautrec não ultrapassava a altura de 1, 52 metros. Para piorar, aos 9 anos de idade, Henri sofreu uma acidente que fraturou as duas pernas.
Ele precisou opera-las, mas a partir dai, suas pernas pararam de crescer, é por esse motivo que quando adulto, ele tinha o tronco de um homem adulto e as pernas de um menino de 9 anos.
Consequência disso, Toulouse-Lautrec andava com muita dificuldade, sempre com o auxilio de uma bengala.
Aos 16 anos foi estudar pintura com um professor rígido que ele não gostava- Léon Bonnat. Logo depois foi estudar com Cormon, seu estúdio ficava nas ladeiras de Montmartre. Foi lá que Lautrec encontrou a inspiração que lhe faltava.
Mais que depressa, resolveu mudar-se para aquele bairro de má fama, onde encontrou seu lugar entre trabalhadores e artistas de caráter duvidoso.
Começava um novo ciclo, sua nova vida!

Frequentador assíduo do Moulin Rouge e outros cabarés, o homem nobre acaba se adaptando muito bem naquele ambiente que ele nunca havia conhecido e onde seus pais nunca aceitaram em ter o filho.
Quando falei que o artista representou Montmartre do inicio ao fim, existe dois motivos: O primeiro, simplesmente porque ele era um grande artista. E o segundo, foi porque foi ele que pintou todos os cartazes do Moulin Rouge, durante sua vida toda.





SUA ARTE, SEU ESTILO…
O tema principal das pinturas de Toulouse-Lautrec era a vida boêmia parisiense, que ele representava através de um desenho com espontaneidade e dinâmica. Capturava as pessoas em seu ambiente de trabalho, com a cor e o movimento da vida noturna, mas sem todo o glamour.
Utilizava muito vermelho, de maneira contrastante, cabelos com tons de laranjas e verde limão para ilustrar a atmosfera agitada da vida noturna. O papel usado para os cartazes era frequentemente amarelo.
Apesar da litografia cheia de cores, Lautrec geralmente escolhia apenas 4 ou 5, as vezes 6, raramente 6 cores. Ao invés de usar uma multiplicidade de cores, Henri preferiu criar seus efeitos mais delicados.
Era o gênio do contorno, era capaz de retratar cenas de grupos de pessoas onde cada uma era individual ( na época podia ser identificada apenas pela silhueta).
O contorno simples era a “marca” de Lautrec desde o inicio da sua carreira como designer de cartazes. Suas pinturas eram sempre de pessoas, não gostava de pintar paisagens.


VIDA BOÊMIA
Testemunha da vida noturna de Montmartre, Henri não apenas faz pinturas, como também cartazes promocionais dos cabarés e teatros, fazendo-se presente na publicidade da época.
Os cartazes litográficos coloridos era um novo instrumento de divulgação de locais de lazer da capital. Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes, ajudou a definir o estilo que seria conhecido como Art Nouveau.
Quando o Moulin Rouge inaugurou, Toulouse-Lautrec foi contratado para fazer cartazes. A direção do cabaré estava tão satisfeito com o seu trabalho que, uma forma de agradece-lo, além de paga-lo, passou a ter uma mesa exclusiva para ele, onde suas pinturas eram expostas.
Nos muitos conhecidos trabalhos que ele fez para o Moulin Rouge e outras casas noturnas parisiense, estão retratadas a cantora francesa Yvette Guilbert, o pintor Van Gogh, a famosa dançarina do Cancan Louise Weber- mais conhecida como a louca e cativante La Goulue (“A Gulosa”), e também a mais discreta dançarina Jane Avril.





Em 1901, Henri de Toulouse-Lautrec morre precocemente aos 36 anos, de sífilis e cirrose do fígado.
Como relatei acima, já podemos imaginar a causa do sífilis. E a da cirrose, foi consequência de uma vida regada a álcool. Lautrec era conhecido por tomar seu “coquetel terremoto” cotidiano- Uma mistura de absinto e conhaque. Todos sabiam que ele sempre carregava com ele, escondido dentro da sua bengala, um “estoque” da bebida.
Em 1899, Lautrec sofre de crises e é internado numa clínica psiquiátrica. Ao sair é constantemente vigiado para que não beba e não volte a frequentar os bares e cabarés, vigilância que ele consegue burlar.
Sua saúde piora cada vez mais, até que, em 1901, não é mais capaz de viver sozinho. Despede-se de Paris com a certeza de que está com os dias contados. Sofre ataques de paralisia e quase não consegue mais pintar.
Henri de Toulouse-Lautrec morre nos braços de sua mãe, no Castelo de Malromé, perto de Bordeaux.
Henri esta enterrado no Cemitério de Verdelais.
SEU LEGADO
Toulouse-Lautrec trabalhou por menos de vinte anos, mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto no que se refere à qualidade e quantidade de suas obras, como também no que se refere à popularização e comercialização da arte.
Estima-se que Lautrec tenha pintado mais de 1000 quadros a óleo (737 estão catalogados), tenha feito mais de 5000 desenhos (275 aquarelas, 5084 desenhos catalogados) e por volta de 363 gravuras e cartazes.
Entendem agora a ligação de Henri com Montmartre? Henri de Toulouse-Lautrec representa a típica Montmartre da época: arte, álcool, mulheres e festa!
Agora que você já conhece um pouco da vida desse artista incomparável, espero que eu tenha te despertado a vontade de conhecer de perto suas obras. Eu estou ansiosa, e é claro, mostrarei tudo para vocês quando eu for a exposição.
E se você vai estar em Paris nesse período (de outubro a janeiro), não perca essa exposição enriquecedora.
ENDEREÇO GRAND PALAIS:
3, avenue du Général Eisenhower
75008 Paris
Aberto as segundas, terças, quintas, sábados e domingos das 10h às 20/ quartas-feira das 10h 22h e fechado as terças-feiras.
História curiosa, bom, quem já fez o passeio a MontMartre com vc, como eu já fiz =D, vai conhecer essa história, passando pelos pontos!!!
Ameiii!!!!
Que bom que gostou Carol. Sim, faço questão de enfatizar sua historia no meu roteiro em Montmartre. Pois ele fez parte da cultura do bairro 🙂